De
acordo com o último Censo da Educação Superior, já são quase um milhão de alunos
matriculados numa graduação a distância no país. O grande interesse pela
modalidade é atribuído a fatores como flexibilidade de tempo e espaço para o
estudo, aliados ao avanço das novas tecnologias que permitem a interação e a
realização remota de tarefas. Contudo, tal liberdade característica da EAD,
quando mal administrada, pode se transformar num problema para instituição de
ensino superior: a evasão.
De acordo com o
Censo EAD.BR 2010, Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil,
publicado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) em 2010, a
média de abandono para todos os níveis de curso EAD no país é de 18,5%. O
levantamento aponta ainda como primeira causa para tamanha evasão justamente a
dificuldade do aluno em seguir o programa de ensino. Segundo o relatório da
Abed, 51% dos entrevistados supunham que "era mais fácil" estudar a distância
que presencialmente. Mas quando caíram na real, a opção foi largar o
curso.
O segundo motivo
apontado para o abandono é a falta de tempo (49%), seguido pela não adaptação
(47%). Só então aparece a condição financeira. A falta de dinheiro é o motivo de
34% dos estudantes para deixar o curso.
Sentimento
de pertença Promover o acompanhamento do aluno para que ele se sinta
parte integrante de um grupo é fundamental para mudar esse quadro. Segundo
Luciano Sathler, diretor da Abed, também é preciso investir na qualidade,
especialmente em relação ao material didático, nas atividades tutoriais e nos
polos de apoio presencial. "Se o aluno se sentir acompanhado, de forma
respeitosa e profissional, acaba por desenvolver vínculos que ajudam a manter
sua perseverança e continuidade nos estudos", afirma.
Nesse sentido, o
Centro de Educação a Distância do Grupo Educacional Anhanguera, criado em 2005,
desenvolveu um modelo de gerenciamento do tutor sobre o aluno, como forma de
coibir a evasão. "Desta forma, logo que apareça algum problema, seja de ordem
financeira, pedagógica ou educacional agiremos prontamente, para evitar uma
desistência", explica José Moran, diretor do Centro.
O foco do projeto
está na promoção de diálogos reflexivos entre professor e aluno. "É importante
ter uma atitude proativa", diz Moran. Segundo ele, os alunos se sentem mais
motivados com professores e tutores que interagem para além do diálogo
burocrático.
Questão de conexão
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O desafio do ensino a distância envolve também a capacitação do
aluno quanto aos recursos tecnológicos. Apesar de uma maior presença dos
computadores nos lares brasileiros, o país ainda apresenta uma profunda
desigualdade em relação ao uso das tecnologias da informação e comunicação.
Pesquisa TIC Domicílios e Empresas 2010, realizada pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br), mostra que na região Nordeste, por exemplo, apenas
14% dos domicílios têm computador, sendo 11% com acesso à internet. Já a região
Sudeste, 45% das casas tem computador, 36% deles conectados à rede
mundial.
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