"A geração do novo na história, dá-se freqüentemente de modo imperceptível para os contemporâneos, já que suas sementes começam a se impor quando ainda o velho é quantitativamente dominante. É exatamente por isso que a “qualidade” do novo pode passar despercebida." (Milton Santos).

domingo, 19 de agosto de 2012

EaD - Remédio contra evasão


Acompanhar os alunos e manter um diálogo constante nos cursos a distância é necessário para que a liberdade de estudo não pareça abandono

Por Gérson Trajano
http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12976

De acordo com o último Censo da Educação Superior, já são quase um milhão de alunos matriculados numa graduação a distância no país. O grande interesse pela modalidade é atribuído a fatores como flexibilidade de tempo e espaço para o estudo, aliados ao avanço das novas tecnologias que permitem a interação e a realização remota de tarefas. Contudo, tal liberdade característica da EAD, quando mal administrada, pode se transformar num problema para instituição de ensino superior: a evasão.

De acordo com o Censo EAD.BR 2010, Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil, publicado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) em 2010, a média de abandono para todos os níveis de curso EAD no país é de 18,5%. O levantamento aponta ainda como primeira causa para tamanha evasão justamente a dificuldade do aluno em seguir o programa de ensino. Segundo o relatório da Abed, 51% dos entrevistados supunham que "era mais fácil" estudar a distância que presencialmente. Mas quando caíram na real, a opção foi largar o curso.

O segundo motivo apontado para o abandono é a falta de tempo (49%), seguido pela não adaptação (47%). Só então aparece a condição financeira. A falta de dinheiro é o motivo de 34% dos estudantes para deixar o curso.

Sentimento de pertença Promover o acompanhamento do aluno para que ele se sinta parte integrante de um grupo é fundamental para mudar esse quadro. Segundo Luciano Sathler, diretor da Abed, também é preciso investir na qualidade, especialmente em relação ao material didático, nas atividades tutoriais e nos polos de apoio presencial. "Se o aluno se sentir acompanhado, de forma respeitosa e profissional, acaba por desenvolver vínculos que ajudam a manter sua perseverança e continuidade nos estudos", afirma.


Nesse sentido, o Centro de Educação a Distância do Grupo Educacional Anhanguera, criado em 2005, desenvolveu um modelo de gerenciamento do tutor sobre o aluno, como forma de coibir a evasão. "Desta forma, logo que apareça algum problema, seja de ordem financeira, pedagógica ou educacional agiremos prontamente, para evitar uma desistência", explica José Moran, diretor do Centro.

O foco do projeto está na promoção de diálogos reflexivos entre professor e aluno. "É importante ter uma atitude proativa", diz Moran. Segundo ele, os alunos se sentem mais motivados com professores e tutores que interagem para além do diálogo burocrático.

 
Questão de conexão
O desafio do ensino a distância envolve também a capacitação do aluno quanto aos recursos tecnológicos. Apesar de uma maior presença dos computadores nos lares brasileiros, o país ainda apresenta uma profunda desigualdade em relação ao uso das tecnologias da informação e comunicação. Pesquisa TIC Domicílios e Empresas 2010, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), mostra que na região Nordeste, por exemplo, apenas 14% dos domicílios têm computador, sendo 11% com acesso à internet. Já a região Sudeste, 45% das casas tem computador, 36% deles conectados à rede mundial.

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