"A geração do novo na história, dá-se freqüentemente de modo imperceptível para os contemporâneos, já que suas sementes começam a se impor quando ainda o velho é quantitativamente dominante. É exatamente por isso que a “qualidade” do novo pode passar despercebida." (Milton Santos).

sábado, 10 de novembro de 2012

Dados da Educação Superior – Presencial e a Distância

O Inep divulgou os dados do Censo da Educação Superior 2011, anunciados no dia 16/10 pelo ministro Aloizio Mercadante. As planilhas apresentadas mostram que o Brasil tem 2.365 Instituições de Ensino Superior, das quais 284 públicas e 2.081 privadas. Nesse número, 190 são universidades, 131 centros universitários, 2.004 são faculdades e 40 institutos federais e Cefets.
Segundo o Censo, 5.746.762 alunos estão matriculados no ensino presencial e 992.927 na educação a distância. Os números demonstram que, no período 2010-2011, a matrícula em cursos de Graduação nas universidades cresceu 7,9% na rede pública e 4,8% na rede privada, o que configura uma média de crescimento de 5,6% nas matrículas para o ensino superior.
Baixar Dados -http://www.educacaoadistancia.blog.br/wp-content/uploads/2012/10/sinopse_educacao_superior_2011.zip

expansão da educação a distância no mundo



A oferta de cursos online, mais recente da modalidade de educação a distância (EaD), vem se ampliando em inúmeras instituições pelo mundo. O lançamento em julho deste ano de consórcios entre instituições de ensino, como as tradicionais Universidade de Harvard e o Massachusets Institute of Technology (MIT), abre a possibilidade de alunos realizarem cursos nas melhores universidades do mundo, a um baixo custo e sem grandes deslocamentos. Os líderes desses consórcios usam em seus discursos palavras como “revolução”. Para Silvestre Novak, doutor em educação e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a expansão da EaD é um fenômeno irreversível e está provocando uma revolução nos sistema educacional brasileiro.
Esse fato reflete, em certa medida, os desafios da educação na sociedade contemporânea, “onde os paradigmas historicamente aceitos não mais dão conta para a definição de modelos pedagógicos”, afirma o pesquisador.
No entanto, a perspectiva da internacionalização das universidades não está atrelada unicamente à questão da EaD, mas também ao processo de democratização do acesso a essas tecnologias. Por vezes, as populações que mais necessitam de educação são, exatamente, aquelas com menos acesso às tecnologias. “Na área da educação é possível que os países que estão ‘exportando’ possibilidades de conhecimento e crescimento acadêmico, o ofereça por meio de programas e artefatos digitais que ainda não existam nos outros países, podendo assim dificultar e até inviabilizar o processo”, destaca Patrícia Vasconcelos Almeida, doutora em linguística aplicada e professora da Universidade Federal de Lavras (Ufla).
Diante deste desafio, busca-se atingir um novo cenário: o da mundialização, que pretende atingir outras esferas, como a política, social e educacional. “Isso significa um aprofundamento das relações internacionais, da ampliação de intercâmbios e da troca de experiências, que valorizam sobremaneira o multiculturalismo”, pontua Silvestre Novak.

Formas de ampliação
Há dois tipos de ampliação acontecendo em educação a distância, de acordo com Marcelo Buzato, professor do Instituto de Estudos de Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) na área de linguagem, tecnologia e ensino. Uma delas está ligada à expansão e à diversificação da oferta de cursos tradicionais em formato online para atingir públicos específicos, mas ainda dentro de um modelo próximo ao da educação presencial, sobretudo no que se refere à relação entre ensino, aprendizagem, conhecimento e tecnologias. Esse é o caso de cursos de graduação de baixa interatividade, feitos à base de vídeo-aulas, com apostilas impressas e exercícios de instrução programada. “Em geral, esse modelo vem atrelado a uma estratégia de redução de custos de infraestrutura e de reaproveitamento de materiais já prontos, de autoria de docentes mais capacitados, que são usados por professores menos capacitados e de salário menor, e servem mais como aplicadores de um design institucional feito de forma mais centralizada”, explica Marcelo Buzato. Neste caso, o modelo tende a reforçar os defeitos do curso e provoca uma desconfiança indiscriminada da opinião pública com respeito à EaD, destaca.
Um segundo tipo de ampliação, mais experimental e motivado por questões conceituais e filosóficas, é aquele feito com base no modelo de abertura, os chamados open software,open scienceopen mediaopen education, com potencial para transformações na relação entre ensino, aprendizagem, conhecimento e tecnologias. Em alguns casos, pode resultar na emergência de processos qualitativamente novos e promissores, mais afinados com a chamada cultura digital, dando sustentação a espaços de afinidade e comunidades virtuais. “Esse modo de fazer EaD demanda do aprendiz outro tipo de competência para gerir sua própria formação, e, dos educadores, outro tipo de design instrucional. Permite a quem aprende se apropriar do sistema”, explica Buzato. A partir daí, uma grande variedade de práticas colaborativas seria possível na construção de percursos de aprendizagem mais personalizados, que atendem a uma gama maior de estilos e que encantam a nova geração de aprendizes.

Aumento de ofertas
Ações mais recentes procuram adaptar o conteúdo presencial ao ambiente virtual. É o caso da Khan Academy, organização fundada em 2008, sem fins lucrativos, e que tem realizado várias das ações listadas pela Coursera e edX, como a criação de ferramentas e recursos online que permitem personalizar o ensino de acordo com o ritmo individual de cada aluno. Desde 2011, alguns vídeos começaram a ser traduzidos para o português pela Fundação Lemann.
Assim, iniciativas como essa funcionam como um laboratório para entender como se dá o processo de ensino e aprendizagem online, além de ser uma importante ferramenta para melhorar e enriquecer o ensino dentro das salas de aula.
No Brasil, programas de EaD desenvolvidos por grandes instituições de ensino, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) trabalham o conceito de aprendizagem em rede, o que difere substantivamente do simples uso das tecnologias de informação nos processos educativos. Nessa perspectiva, o ensino online passa a ser entendido, principalmente, como uma metodologia de ensino. Mais do que uma ferramenta, este tipo de ensino passa a funcionar também como um laboratório, com potencial para transformações na relação entre ensino-aprendizagem.
O sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), instituído em 2006 para o desenvolvimento da modalidade de EaD, busca expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no país. Segundo dados oficiais da instituição, de julho de 2007 a 2009 foram instalados 557 polos de apoio presencial, com 187.154 vagas criadas. Além de fomentar a EaD nas instituições públicas de ensino superior, a UAB apoia pesquisas em metodologias de ensino superior respaldadas em tecnologias de informação e comunicação.
A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), por sua vez, também busca consolidar a utilização das tecnologias da comunicação e da informação no ensino superior. Os cursos atualmente oferecidos são semipresenciais, mesclando aulas presenciais com recursos tecnológicos característicos da educação a distância, como plataformas virtuais de aprendizagem e televisão. A Univesp é a quarta universidade estadual paulista, instituída pela Lei 14.836, de 20 de julho deste ano, devendo atingir a marca de 24 mil alunos em quatro anos.

Ampliação é sinônimo de revolução?
Buzato, da Unicamp, pondera que, como aconteceu com toda nova tecnologia na educação (a exemplo da lousa, do rádio, do cinema, da televisão), essa “nova” educação a distância, apoiada nas redes digitais, abre uma série de possibilidades que parecem atender aos mais diversos anseios. “Não acredito em revolução”, esclarece o pesquisador, “prefiro, pensar em um processo continuo pelo qual duas coisas, ou seja, sociedade e tecnologia, que são igualmente heterogêneas, cheias de controvérsias internas e de interesses em conflito, se transformam em uma coisa só, em associações de elementos que vão redefinindo-se uns aos outros e, com isso, gerando certos efeitos globais e locais.”.
Já para a linguista da Ufla “toda forma de oferecer e buscar conhecimento é revolucionária”. Ela acredita que inúmeras atitudes e escolhas educativas revolucionaram, e ainda revolucionam, o contexto de ensino-aprendizagem a cada dia.
No que diz respeito a universidades brasileiras que se dispõem a oferecer cursos online, muitos problemas ainda são enfrentados. “Ainda temos muito poucos profissionais realmente capacitados para atuar. Estamos todos, coordenadores, auxiliares, técnicos em tecnologia, professores-formadores, tutores e cursistas, aprendendo a formatar e fazer os cursos online funcionarem com a qualidade que se faz necessária. É neste ponto que penso que a revolução está. Em se aprender a ensinar e a como aprender neste contexto educacional”, elucida Patrícia.

Por: Maria Teresa Manfredo

Fonte: comciencia; 
http://www.educacaoadistancia.blog.br/a-expansao-da-educacao-a-distancia-no-mundo